segunda-feira, 30 de novembro de 2020

UMA APOSTA DIFERENTE 2




UMA APOSTA  DIFERENTE 2

 

Os nossos antepassados, imigrantes europeus, trouxeram da velha pátria os seus costumes e tradições. Entre muitos outros aspectos, também a religiosidade.

Lá nos primórdios, Arroio Canoas era atendida pelos padres de Tupandi, na época, Salvador. Mais tarde, foi criada a paróquia de São Pedro.

O Padre Plei, durante muitos anos, foi o nosso vigário. A paróquia tinha uma mulinha como meio de locomoção do padre para as visitas às capelas. Ninguém sabe, ao certo porque, mas Plei não vinha sozinho. Alguém tinha que ir, a cavalo, até São Pedro para fazer companhia ao padre durante a vigem. Mas isso não era um problema pois, por aqui, as famílias eram numerosas e sempre havia rapazes dispostos para essa tarefa, não fosse um detalhe. O Padre Plei era um homem muito piedoso e durante todo o trajeto rezava o terço e o acompanhante tinha que rezar junto com ele. Com o tempo, o fato virou até motivo de apostas entre os rapazes para ver quantos terços o acompanhante da vez tinha que rezar.

Certo vez coube ao Aloysio Käfer (Matze Alvis) a tarefa de fazer companhia ao padre. Aloysio já era um homem casado e propalou que ele não iria rezar o terço. Dizia que entreteria o padre de tal modo que ele não se lembraria de rezar.

O desfio que Aloysio se propôs interessou a toda a rapaziada de tal modo que houve até apostas entre eles. Alguns apostavam no Padre, outros em Aloysio.

Durante o trajeto os dois mantiveram uma conversa animada.

 Padre Plei era alemão e teve experiências traumatizantes na sua infância em função da Segunda Guerra Mundial. Aloysio, habilmente, abordava o assunto da guerra e muitos outros, deixando o padre ocupado com a conversa. Tudo ia bem quando Aloysio cometeu um deslize. Quase já chegando, os assuntos começaram a escassear. Então, à beira do caminho, havia uma bela plantação de milho.

- Veja padre que bela roça de milho!

- É verdade, disse Plei. Vamos ainda rezar o terço para pedir que o bom Deus continue mandando tempo bom para que os colonos possam fazer boas colheitas.

 


 



domingo, 15 de novembro de 2020

HENRIQUE PEDRO VIER E CATALINA REISCHERT Uma viagem inusitada

                                                           Familia de  Pedro e Catalina
                                               Henrique Pedro Vier e Catalina Reischert

 

                                                      trajeto percorrido pelo casal

 

 

HENRIQUE PEDRO VIER E CATALINA REISCHERT

Uma viagem inusitada

 

 

Henrique Pedro Vier e Catalina Reischert empreenderam uma viajem inusitada em 1935.

Eles chegaram a região de Porto Rico, Missiones, Argentina, em 1921. Já fazia mais de 14 anos que haviam partido de Cerro Azul (hoje Cerro Largo), deixando para trás sua terra natal, amigos e familiares. Pedro e sua esposa haviam comprado terras na Argentina e esperavam fazer desse pedaço de chão a sua Heimat. Eles tinham um sonho e foram buscá-lo no distante desconhecido.

Depois de 14 anos a família Vier já estava devidamente instalada na nova propriedade. As colheitas eram fartas, pois o solo fértil das terras novas proporcionava abundantes colheitas de milho que era usado, principalmente, na criação de porcos.

 Ainda era madrugada quando partiram. Os vizinhos mais próximos vieram se despedir. Catalina agradeceu a um casal de amigos por se disporem a dar uma assistência aos filhos durante a sua ausência.

  Partiram de Porto Rico no final de dezembro de 1935, cada um com seu cavalo, algumas roupas, comida e o clássico capote preto “tee punch”. Levavam também milho para os cavalos, erva e cuia para o indispensável chimarrão durante a viagem.

A noite os surprendeu em Cuña Perú. Conseguiram pousada na casa de um colono amigo onde puderam alimentar os cavalos e deixá-los descansar. Os hospedeiros também tinham amigos e parentes em Cerro Azul e aproveitaram a ocasião para escrever cartas que a senhora Vier guardou na sua pasta juntamente com várias outras que a vizinhança estava mandando para os parentes.

Na manhã seguinte, partiram, bem cedo, para aproveitar o frescor das primeiras horas do dia pois era fins de dezembro e fazia muito calor na região. Atravessaram o mato seguindo por picadas estreitas tendo, muitas vezes, que apear dos cavalos para remover galhos e árvores que obstruíam o caminho.  Ao meio dia fizeram uma parada às margens de um arroio e enquanto os cavalos descansavam fizeram uma fogueira para esquentar água para o chimarrão.

No entardecer do segundo dia chegaram a Campo Grande, Argentina, onde puderam pousar e se recompor para continuar a viagem no dia seguinte.

No terceiro dia chegaram ao Rio Uruguai que faz divisa entre Brasil e Argentina. Um senhor que morava aí se dispôs a atravessá-los com duas canoas onde colocaram todos os seus pertences e as celas, pois não queriam molhá-las. Os cavalos atravessaram a nado sendo conduzidos pelos donos com uma corda através rio.

Da fronteira Argentina-Brasil faltavam ainda outros 100 km através da mata fechada, subindo e descendo encostas íngremes para finalmente chegarem ao seu destino. Esse casal, enfrentou perigos e dificuldades nesta viagem que demorou mais 4 dias para chegar à cidade onde moravam seus entes queridos.

Esta viagem foi a primeira de três, com o mesmo percurso, sempre atravessando campos e montanhas.

De acordo com a Senhora Leonor Kuhn, Porto Rico e região foi o destino de centenas de famílias gauchas oriundos de vários municípios como: Tupandi, Montenegro, São Salvador (hoje Salvador do Sul),Feliz, Bom Princípio, Cerro Largo e muitos outros. De acordo com um levantamento de Leonor os sobrenomes mais comuns dos pioneiros de Porto Rico e região foram: Krindges Raimundo, Lenz Antonio, Lunkes Juan, Müller Luis José, Nedel Pedro, Reichert Balduino, Simon Aloysio, Vier Jacobo, Vogt Jacobo Heck Johann, Hentz José, Kaspary Alberto, Klein Otto Clemente, Kauer Alberto, Krindges entre dezenas de outros.

Agradeço, mais uma vez, a Leonor kuhn por me repassar as pesquisas e o relato de Benno Reckziegel no qual me baseei para escrever o atual texto.

 

Fontes:

Reckziegel Benno. Memórias de Porto Rico. Porto Rico 1999

Livros de Atas do Registro do Povo de Porto Rico

 

 No link abaixo você pode encontrar um grande número de pioneiros colonizadores de Porto Rico todos vindos do Rio Grande do Sul:

   

 https://textoslaurindohentz.blogspot.com/2020/11/familias-pioneiras-de-porto-rico-e.html

 

 

 

 

 

 

FAMILIAS PIONEIRAS DE PORTO RICO E ARREDORES

 


 


ALGUMAS FAMÍLIAS PIONEIRAS DE PORTO RICO E ARREDORES

Quando eu ainda era pequeno me lembro que meus pais falavam de um tio que foi morar na Argentina. Mamãe dizia que nunca mais tiveram notícias dele. Naquela época, “morar na Argentina” era para sempre.

Com o advento da internet descobri que não foi só o tio da minha mãe mas, dezenas de famílias saíram da nossa região para colonizar, principalmente, Missiones no norte da Argentina.

 Meio por acaso descobri a Sra. Leonor kuhn graças a uma publicação sua sobre José Hentz, um dos pioneiros de Porto Rico, que construiu um navio.

Fiquei impressionado com a relação de nomes que, a meu pedido, Leonor me enviou sob o título “ALGUMAS FAMILIAS PIONEIRAS DE PORTO RICO E ARREDORES”. Por tanto, segundo ela, além dos listados há muito mais que deixaram pra trás sua terra natal, amigos e familiares para se radicarem nesta região que hoje exibe um desenvolvimento pujante. Essas pessoas, alguns já casados, são oriundas da nossa região como dos municípios de Montenegro São Sebastião do Caí, São Salvador, Tupandi, Feliz e muitos outros.

Familias pioneras de Puerto Rico y zonas vecinas:

 

-Alles Matías llegó a Puerto Rico soltero, luego se casó con Regina Welter.

-Alles Wilibaldo, hermano de Matías, casado con Cresencia Persch.

-Bischof Jacobo, Llega a San Alberto el 13 de junio de 1919. Era empleado de Culmey, contratado para acondicionar el lugar del futuro asentamiento.

-Dreher de Naujorks Clementina -Feldmann Pedro -Flach Augusto -Freiberger Augusto -Freiberger Michael -Gamper José -Gossler -Graef Joseph -Günther Enrique casado con Paulina Held -Heberle Pedro casado con Elisabeth Scherf vinieron con su hija Lucía -Heck Johann -Held Juan -Held Mauricio -Hentz José primo de Valentim, meu pai. -Hikllebrand Antonio -Junges Aloysio -Kaspary Alberto -Kaspary Alberto -Kauer Alberto--Klein Otto Clemente     -Kleinübing Federico   -Kochan Teobaldo  -Krindges Raimundo -Lehnen José -Lenz Antonio -Lunkes Juan -Müller Luis José -Nedel Leopoldo -Nedel Pedro -Pedro Kuhn casado con Emma Catalina Alles -Rauber Federico Guillermo casado con Leopoldina Schmädecke   -Reichert Balduino    -Reichert Carlos    -Rohenkhol Juan   -Rohenkohl Enrique Teodoro -Schardong Augusto -Schardong Felipe  -Scheifler Federico -Scherf Juan -Schmädecke José -Seidel Alfons -Simon Aloysio -Hahn Pedro -Steffens Pedro -Vier Jacobo, Vier Wilibaldo -Vogt Jacobo -Vogt Juan Alfonso -Vogt Serafín, Wagner Leopoldo.