sábado, 21 de setembro de 2019

AVENTURAS DO NADO

Sonhou com a garota do baile, loira e linda.
Certa vez resolveu comprar uma moto











O NADO DO SIDO


Ele chamava-se Leonardo, mas por aqui todos o conheciam por Nado do Sido. Criou-se na colônia até os 22 anos quando decidiu ir para a cidade. Estava cansado desta vida na roça. Queria respirar novos ares e quando surgiu a oportunidade de comprar um ponto comercial em porto Alegre não teve dúvidas.
Mas antes de disso Nado era um rapaz muito sociável. Saia com os amigos para os bailes nos fins de semana, bebia cerveja, namorava, enfim, era sempre uma boa companhia. Certa vez resolveu comprar uma moto. Queria mais liberdade, não depender das caronas dos amigos. Economizou, engordou um porco, plantou batatinha e agora estava motorizado.
O baile era na Francesa numa noite quente de verão. A turma estava animada: festa, animação e muita cerveja até o fim do baile.
Era hora de voltar. Numa curva pedregosa se perdeu e foi parar na roça de um colono. Tentou erguer a moto mas faltou-lhe força. Estava cansado e bêbado. Examinou o local do tombo e viu que havia caído exatamente num “HOE XTOHS”. Hoe xtohs, em alemão hunsrik, é um monte de pasto seco que os colonos empilhavam na roça para ser tratado aos animais durante inverno.
Era uma noite quente de verão e o feno estava macio. Cansado e bêbado dormiu quase instantaneamente.  Sonhou com a garota do baile, loira e linda.
De manhã, acordou com o sol batendo forte no seu rosto. Precisou de alguns instantes para se localizar no tempo e espaço. 
Daí ouviu vozes:
- Quem é ele? Será que está morto?
 Uma pequena multidão o cercava. Era o povo da Francesa indo para a missa das 10h.
- Não estou morto, não.
Ajudaram erguer a moto e a colocaram na estrada. O porre já havia passado e Leonardo pode ir para casa sem mais contratempos.




segunda-feira, 9 de setembro de 2019

COLECIONAR

MENUDOS
COLEÇAO DE PEDRAS

BRINCANDO COM SUAS PEDRAS







 COLECIONAR





Parece que está dentro de nós. Com certeza, todos, em algum momento da infância, já colecionaram alguma coisa. Lembro que meus irmãos e eu colecionávamos invólucros de balas, tampinhas de refrigerantes e cerveja e maços de cigarros.

A Carla colecionava camisetas dos Menudos e a Marta, Bolachas Maria.
Algumas crianças, filhos de pais abastados, colecionam moedas raras, selos e obras de arte.
Conheci uma menina que colecionava pedras. Quando encontrava uma interessante na roça levava-a para casa para a sua coleção. Ela era feliz. Moedas raras ou pedras; não importa. As crianças, na sua simplicidade, conseguem abstrair o valor econômico das coisas. Um dia, veio a enchente e levou a coleção de pedras. Foi uma perda significativa.
A Cleci tinha um bambolê que ganhou para desfilar num Sete de Setembro. Um dia o sobrinho destruiu o bambolê.

 Muitas vezes, a vida, desde cedo, treina as pessoas para o desapego. Ensina que as coisas não são para sempre. E que devemos aprender a aceitar as perdas. Tais pessoas, depois de adultas, saberão lidar melhor com as privações, dificuldades e frustrações.  Muitos aprendem desde pequenos, mas sem dúvida todos aprenderão algum dia porque nada deste mundo fenomênico é para sempre, como Renato Russo fala numa linda canção que compôs.



... Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre sempre acaba...