O MACACO FUJÃO DOS GRÄF
O fato aconteceu há mais de setenta
anos. O meu irmão Alvis era, ainda, um piá quando os Gräf, lá em Coblens,
tinham um macaco de estimação preso numa corrente. Ele foi capturado, ainda
filhote, quando sua mãe foi morta por um caçador.
O
ser humano, desde sempre, gosta de domesticar animais. Alguns, aceitam com
facilidade a domesticação como, por exemplo, o cachorro, o gato, boi, elefante,
para citar somente alguns. Mas o macaco, por mais que pareça domesticado,
jamais perde o seu instinto selvagem. Quando tem oportunidade, agride seu dono
ou foge, de volta, para a natureza.
Deram-lhe
leite com mamadeira e ele se criou forte e saudável. Certo dia, por um descuido dos Gräf, o macaco
fugiu. Conseguiu se soltar e fugiu com a corrente presa no pescoço. A gurizada
dos Gräf ficou muito chateada porque gostavam do macaco e das macaquices que
fazia. Procuraram pelo bichinho nos
matos da redondeza durante vários dias, porém, do macaco fujão não se teve mais
notícias.
Muitos anos depois, meu irmão achou a
correntinha do macaco. Num domingo de manhã, foi ao mato caçar pombas. Na época
as pessoas não tinham, ainda, a consciência ecológica como hoje e era muito
natural caçar pombas, lebres e outros animais pelos matos da redondeza. De repente,
deparou-se com algo inusitada. Aí estava a correntinha do macaco fujão
incrustada no tronco de um açoita-cavalos. Conta Alvis que, no mesmo instante
que viu a correntinha, se lembrou do macaco de estimação dos Gräf fato que
havia acontecido há muitos anos. Certamente, pulando de galho em galho, a
corrente ficou presa na forquilha do açoita e o macaco morreu enforcado. O
Alvis guardou o acontecido na memória e quando viu a correntinha veio à tona o
passado distante.
A correntinha está guardada na casa de
Dona Normi viúva de Alvis, que faleceu em 2016.
A natureza nos presenteou com esse dom
vital para sobrevivência. A nossa memória é algo fantástico.
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