domingo, 9 de dezembro de 2018

O SUMIÇO DAS ANDORINHAS



campo magnético da terra


 






O SUMIÇO DAS ANDORINHAS

As andorinhas sumiram! Inexplicavelmente sumiram.
 Todos os anos em determinada época, apareciam. Sempre, no início da primavera, podíamos vê-las, primeiro uma ou duas, voando bem lá no alto. Na medida em que a primavera avançava o bando aumentava e sem demora estavam por aí, em duplas, procurando um abrigo nas nossas casas para nidificarem.
Neste ano, nada. Quando a primavera já ia adiantada e o verão batia na nossa porta foi que me dei conta: e as andorinhas? Não havia andorinhas.
Desde criança, lembro que este fenômeno se repetia. Na primavera elas vinham nidificar e depois, quando o verão já cedia seu lugar para o outono, de repente, haviam sumido. A natureza as impulsionava para esse ritual e elas obedeciam, rigorosamente, ao seu instinto cravado no fundo da sua memória genética.
O que teria acontecido?
Estudos modernos sugerem que muitos animais, principalmente aves migratórias, são capazes de se orientar pelo Campo Magnético Terrestre. Nós não temos ou não desenvolvemos esta sensibilidade e para perceber este campo necessitamos da bússola.
 O campo magnético é de vital importância para a sobrevivência aqui na terra. Ele é uma força que se origina no polo norte em direção ao polo sul e tem o poder de repelir radiações e partículas eletromagnéticas letais vindas do espaço em nossa direção.
Será que alguma coisa está acontecendo com o nosso Campo Magnético? Porque as andorinhas sumiram? 
Talvez este sumiço mereceria um estudo dos cientistas.




domingo, 2 de dezembro de 2018

SÍMBOLO DA PAZ Chimarrão.

chimarrao

tradição gaúcha

a partir do Rio Grande do sul, tradição do chimarrão se espalhou pelo Brasil






SÍMBOLO DA PAZ
Chimarrão.


 O chimarrão, talvez seja o símbolo que melhor identifica o gaúcho.
 Roberto Ave-Lallemant(1812-1884) visitando o Rio Grande do sul em março de 1858 registra a importância folclórica do chimarrão:
 “O símbolo da paz, da concórdia, do completo entendimento!
 Todos os presentes tomaram. Não se creia, todavia, que cada um tivesse sua bomba e sua cuia própria; nada disso. Assim perderia, o chimarrão, toda a sua mística significação.
Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem negro, um pardo decente, depois eu, depois o “Spahi”, depois um mestiço de índio e finalmente um português, todos pela ordem. Não há nisso nenhuma pretensão de precedência; nenhum senhor e criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra cristã, um comunismo, uma fraternidade verdadeiramente nobre, espiritualizada. Todos os homens se tornam irmãos, todos tomam o chimarrão em comum. (Viagem pelo Sul do Brasil. Rio de Janeiro 1953) ”.

O importante que, de MÃO EM MÃO, o chimarrão, qual cachimbo da paz une todas as culturas e constrói paz, união, companheirismo, circularidade de relações e o serviço de dar e receber. Enquanto você passa o chimarrão para o próximo bebê-lo, ele vai ficando melhor, mais suave. Isso é interpretado, poeticamente, como você desejar algo de bom para a pessoa ao lado e, consequentemente, às outras pessoas que também irão beber o chimarrão.
Centenas de gaúchos saíram daqui em busca de novas terras. O oeste catarinense foi o destino de muitos agricultores que de lá partiram para o Paraná, Goiás, Mato Grosso e até o Paraguai. Esta gente toda continua ligada ao Rio Grande do Sul através dos seus costumes.
 Pela internet conheci parentes no Paraguai que continuam falando o hunsrik, um dialeto alemão que se falava quando partiram daqui. Guido Hentz com sua família, e muitos outros, há mais de setenta anos, estão estabelecidos no Paraguai. Todos esses anos não fizeram com que esquecessem o chimarrão.
Que ele continue unindo, ligando nossos corações, ligando nossas famílias porque o chimarrão é, também, um pouco evangelho vivo: o que ele significa ele realiza.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A REUNIÃO


A REUNIÃO


                                                   Nikolaus Botzen está enterrado no cemitério do                                                     Sagrado Coração de Jesus, em Arroio Canoas-Barão




                                                 


                                                  A REUNIÃO


Por volta de 1916, quando Ottilia tinha 10 anos, os quatro moradores de Morgens Land tinham uma reunião marcada na casa do pai dela. Era um domingo de noite e o assunto seria a preocupação com os italianos. Eles já ocupavam as terras de Boa Vista (Arco Verde) e estavam comprando propriedades cada vez mais próximas.
- Daqui a pouco são nossos vizinhos, disse a Senhora Vogt abrindo a reunião.  E o que faremos então?
 A senhora Vogt fizera cuca no dia anterior e, como anfitriã, serviu aos visitantes. A farinha de trigo era coisa muito rara e por isso era reservada para os dias especiais como Natal, Páscoa e o Kerb. Aquela ocasião, no entanto, merecia algo especial. Ainda mais que neste ano a colheita de trigo fora boa.
A senhora Butzen concordou com Margarida Vogt e, também, achava que a situação era preocupante.
- Nós não ficaremos morando aqui, disse a Senhora Bervian. Daqui a pouco vão querer namorar com nossas filhas. Isso seria o fim.
Todas as mulheres concordaram com a Senhora Bervian. Se não houvesse outro jeito voltariam para  sua terra natal. Os homens já não eram tão radicais e mesmo não gostando da presença dos italianos achavam que não havia motivo para abandonarem tudo e procurar outras terras.
- Vocês homens acham que tudo está bem, disse a Senhora Bervian. Depois que acontecer alguma coisa grave ai será tarde.
- O que pode acontecer de tão grave com a presença deles, disse o Senhor Gräf?
- Eu já ouvi falar muita coisa dessa gente. Na última visita, meu irmão Florian disse que, não sei aonde, mataram uma pessoa a marteladas. Sabemos que são atrevidos e namoradores, e não respeitam as mulheres. Já pensaram o que pode acontecer com as nossas filhas?
Até agora só as mulheres haviam se manifestado. Então o Senhor Pedro Gräf disse que ele não sairia de Morgens Land.
- trabalhei muito nas minhas terras. Derrubei muito mato, fiz roças e agora que posso começar a plantar e colher... Não vão me fazer correr daqui com o rabo no meio das pernas. Então, a Senhora Gräf, que até agora ficara calada, disse:
- Como podes pensar tão pouco nas nossas filhas?
- Penso nelas. E se um dos filhos desses italianos chegar perto delas vai levar chumbo. Mas daqui eu não vou sair.
Estava claro que as mulheres eram mais radicais em relação à presença dos italianos que os homens. Eles não viam tanto motivo de preocupação.
 Então tomaram uma decisão; na próxima visita do padre falariam com ele e pediriam um conselho. Afinal ele era um homem estudado e devia conhecer melhor essa gente.
Durante o resto da reunião conversaram sobre amenidades. As mulheres aproveitaram para colocar as fofocas em dia e os homens discutiam sobre assuntos de roça.
 Junto com a cuca corria a roda de chimarrão. Os imigrantes alemães se acostumaram rapidamente com esta bebida, e ela passou a fazer parte dos seus costumes.
Das quatro famílias pioneiras de Morgens Land três voltaram para Badenserthal. Somente Pedro Gräf ficou por aqui. E por ironia do destino, Gräf teve uma família numerosa e a grande maioria dos seus filhos casaram com italianos. Os Vogt e os Bervian voltaram para Badenserthal. O Senhor Butzen faleceu muito cedo mesmo antes de voltar para para sua terra natal, mas sua família, depois do seu falecimento, também voltou. Nikolaus Botzen está enterrado no cemitério do Sagrado Coração de Jesus, em Arroio Canoas-Barão
Morgens Land, Cobléns, é uma comunidade próspera. Os Gräf, hoje, formam uma família numerosa e sua influência e atuação foi, e continua sendo relevante no contexto social e econômico de Cobléns.