segunda-feira, 30 de novembro de 2015

FLORES DA CUNHA Terra do Galo

Adotou o galo como símbolo

Lindo palacete em Flores da Cunha


A indústria FLORENSE de móveis tem lá sua sede.



FLORES DA CUNHA
Terra do Galo

A história que vou contar aconteceu em Flores da Cunha há muito tempo.
 Um mágico apareceu na cidade para uma apresentação. Na época, algo assim era um acontecimento. O salão paroquial foi preparado para o espetáculo e as autoridades e o povo esperavam ansiosamente que caísse a noite.
Finalmente, depois de todos terem passado na bilheteria, o espetáculo teve início. O prefeito fez uso da palavra e fez rasgados elogios ao seu secretário de educação por ter trazido à cidade espetáculo de tal envergadura. Disse que sua administração estava orgulhosa em poder proporcionar ao seu povo momentos de alegria e divertimento.
 Logo no primeiro número o mágico solicitou a presença do padre, do prefeito e do juiz de paz que subiram no palco para serem ajudantes. Então ele apresentou um galo e o número consistiria no seguinte: O prefeito seguraria o galo pelas pernas e o padre, com uma machadinha, cortaria o pescoço dele. O Juiz de paz faria o papel de testemunha. Depois de uma reza o galo, mesmo com o pescoço cortado, começaria a cantar quando fosse solicitado.
Quando o prefeito e o padre cumpriram a sua parte no número deixaram o galo, já morto, sobre a mesa. Então o mágico se retirou do palco para, segundo ele, fazer a reza. Em vez de voltar, pegou o dinheiro da bilheteria e, saindo pala porta dos fundos deu no pé. Os três ajudantes estavam no palco junto ao galo morto. O tempo foi passando e nada de o mágico voltar.  As autoridades e a plateia já estavam se sentindo desconfortáveis com toda essa demora até que alguém, no meio do público, gritou:
- É uma farsa! Fomos enganados!
 Ainda tentaram pegar o vigarista, mas a estas alturas ele já estava longe.
 O fato é verídico e durante muitos anos o povo de Flores da Cunha se ofendia quando alguém se referia ao episódio. Porém as chacotas eram tantas e tão frequentes que finalmente a população aceitou o fato. E mais, a cidade adotou o galo como símbolo que hoje lhe rende boas divisas no setor do turismo.
O que era humilhante no início se transformou numa fonte de renda.
Flores de Cunha é uma bela cidade próxima de Caxias do Sul. A indústria FLORENSE de móveis tem lá sua sede.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Edmundo e Fridalina Ludwig

Porca comum com seus filhotes

Bergamoteira

Marisa Hentz e Veleda Ludwig na casa de Edmundo

Vara de porcos comuns.

Edmundo Ludwig

 Fridalina Ludwig




             Edmundo e Fridalina Ludwig

Em Boa Vista, morava o casal Edmundo e Fridalina Ludwig. Tiveram nove filhos dos quais dois falecidos.
Depois da morte de Edmundo, Frida, como era conhecida, ficaria sozinha pois os filhos todos já eram casados.
Então o pai de Iliseu concordou em ceder o menino durante algum tempo para fazer companhia à vovó Frida e ajudar em alguns afazeres.
Na época, os colonos criavam o “porco comum”. Era um porco muito rústico criado nos potreiros precisando de quase nenhum cuidado. Para alimentá-los debulhavam uma espiga de milho, alguns restos de comida, cascas de legumes e a água onde fora lavada a louça. (sutel wassa). Comiam grama e reviravam o solo a procura de pequenos tubérculos e minhocas.
Era época da bergamota. No potreiro, havia uma bergamoteira grande que produzia frutos saborosos. Depois do meio dia, quando a vovó Frida ia tirar sua sesta, o Ili, sempre, trepava naquela bergamoteira e enchia a barriga com aquelas bergamotas suculentas e saborosas. Só no “Barrulhe Eck” dava bergamotas assim. Os porcos, quando percebiam, se juntavam em baixo da bergamoteira para comer as cascas e os grãos que ele, lá em cima, descartava. Em meio a vara (vara é uma tropa de porcos),havia uma porca enorme com filhotes.
Um dia, O menino viu uma bergamota muito graúda lá na ponta de um galho. Não que ali ao seu alcance não houvesse, também, lindas e saborosas, mas aquela parecia especial. Tentou agarrá-la puxando o galho para perto de si, mas a manobra não teve êxito. Então, se atreveu subir mais um pouco. No momento em que conseguiu agarrar a tão desejada fruta, o galho não mais suportou o peso e o Iliseu despencou lá de cima. E como o prezado leitor já deve estar imaginando ele caiu exatamente em cima da porca, de pernas abertas ficando montado no animal. A porca soltou um grunhido e saiu numa disparada maluca com o Iliseu montado nela. Quando chegaram perto do arroio a porca deu uma freada abrupta derrubando o menino que caiu numa poça de barro. A vovó Frida, que recém tinha levantado da sua cochilada, presenciou o acontecido. Veio correndo para acudir o netinho que se retorcia em dores. Então, a vó viu que ele segurava, numa das mãos, alguma coisa. Era aquela bergamota. Só que imprestável por que de tanto apertá-la só sobrara a casca e o bagaço.
O Iliseu jamais revelou esta aventura para alguém. E teria ficado no esquecimento não fosse, um dia, a vó Frida, ter me contado o caso.
Hugo, casado com Veleda, é um dos filhos de Edmundo e Fridalina. Neste dia 15 de novembro comemoraram suas bodas de ouro. Segundo depoimentos, foi uma bela festa que reuniu, em Boa Vista Poço das Antas, irmãos, sobrinhos e muitos amigos do casal. Com certeza, foi uma oportunidade de rever a parentada, relembrar os tempos de gurizada no “Barulhe Eck” e recordar episódios como o deste texto.



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

DIQUE O quebra-galho






DIQUE
O quebra-galho


Quebra-galho, Faz Tudo, Pau-Pra-Toda-Obra, Severino, Bombril, são termos que usamos para designar aquelas pessoas que tem um vasto leque de habilidades. Em geral são criativas e se realizam quando são chamadas para alguma tarefa extraordinária. 


Muitas instituições têm em seus quadros essa figura. Nas escolas, muitas vezes, existe aquele professor que sempre é chamado quando uma lâmpada precisa ser trocada, para instalar um equipamento eletrônico, abrir uma porta que enguiçou, uma gaveta que não abre, ou quando uma professora distraída chaveou o carro com a chave dentro e muitas outras situações que ocorrem no dia a dia de uma escola.
 Muitas prefeituras, também, contam com algum funcionário assim. Em geral, são profissionais não devidamente valorizados, porém imprescindíveis para o bom funcionamento dessas instituições.
Quero citar, como exemplo, o Dique. Dique é o apelido. Seu nome é Henrique Dai Prá, filho da professora Léa.
Na prefeitura de Barão, o Dique faz qualquer coisa. Jamais rejeita um trabalho que alguém solicita. Está sempre disposto a colaborar seja onde e quando for. Para ele é uma alegria poder ajudar. Trabalha na prefeitura desde a criação do município e por isso conhece todos os meandros lá dentro. Ele é um funcionário exemplar e muito bem quisto pelos colegas porque trata a todos com cordialidade. Segundo me contaram só tem um defeito: É colorado. (Brincadeirinha Dique). Ele, também é desportista e já atuou nos dois clubes de Barão como goleiro e dirigente. Sempre se dedica com paixão às coisas que faz e por isso tem o respeito e a admiração, até, dos próprios adversários.
Quero cumprimentar a grande família Dai Prá onde, além do Dique, tenho vários amigos. Cumprimentar, também, na pessoa de Henrique, todos os funcionários da prefeitura de Barão que, muitas vezes, são malvistos em consequência dos descaminhos verificados em outros escalões da administração pública. Sei que o nosso quadro é competente e dedicado.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

OS GURIS ARTEIROS DE ARLINDO FLACH


O cavalo deles já era um matungo velho e muito assustado

Casa de Arlindo Flach em Canoinhas - Barão

O precipício.  

OS GURIS ARTEIROS DE ARLINDO FLACH


 Arlindo Flach (Flach Lind) tinha uma tropinha de gurizada medonha. Nos sábados de tarde e domingos tinham sempre que inventar algo para se ocupar.  
O cavalo deles já era um matungo velho e muito assustado. Quando alguma coisa o espantava, corria para um refúgio nos fundos do potreiro que confrontava com um precipício. Para dar acesso ao refúgio havia uma trilha estreita entre o precipício e uma enorme pedra atrás da qual o cavalo se escondia. Aquela passagem era perigosa, mas o animal, de tantas vezes que já passara por aí, vencia, sem dificuldade, aquele estreitamento.
 Num sábado de tarde, o capeta estava solto em Canoinhas. A gurizada, por si só, já era medonha imaginem então com a ajuda do “coisa-ruim”. A maldade que planejaram era dar um susto no matungo.
 Todos os guris do interior conhecem, e sabem fabricar certo instrumento com o talo da folha da abobreira que emite um som grave e rouco. (Em alemão Pova Thudz).
Debulharam uns grãos de milho num cocho para atrair o cavalo e então, o Juca, o mais velho, contou até três e todos, ao mesmo tempo, assopraram no seu instrumento provocando verdadeiro pânico no coitado do animal que fugiu numa disparada descontrolada em busca do seu refúgio. Os guris, ainda não contentes, perseguiram o matungo dando gritos, risadas e aquelas buzinadas. O Agostinho, que era o mais velhaco se postou em cima da pedra que tinha que ser contornada e quando o cavalo apareceu assoprou no seu instrumento. Com o novo susto o coitado do animal não venceu a curva e caiu no precipício ficando pendurado em cima de uma árvore. Daí, se deram conta da maldade que cometeram. Foram procurar o pai que queria saber como isso havia acontecido. Todos tentaram culpar o Agostinho que dera o último susto no animal de cima daquela pedra, mas ele se defendeu e acabou incriminando os demais irmãos de modo que o pai ficou sabendo de toda verdade.
Por castigo, no domingo, em vez de jogar futebol, tiveram que cavar um buraco no fundo do precipício para enterrar o cavalo. O castigo foi merecido e os meninos aprenderam a lição. De noite, já na cama, o Dionísio comentou com os irmãos:
- Passamos barato! Eu achava que o “veio” ia pegar mais pesado!
As crianças daquele tempo tinham uma infância saudável a pesar de não conhecerem luxo e nem conforto. E essa vida cheia de dificuldades e limitações foi forjando seu caráter fazendo deles homens de bem.