domingo, 29 de março de 2015

DAR UM PASSO PARA TRÁS


 Um homem idoso e debilitado 





“ESTAMOS em 22 de junho de 1633. Um homem idoso e debilitado se ajoelha diante do tribunal do Santo Ofício. O réu é um dos mais renomados cientistas da época e suas convicções científicas se baseiam em longos anos de estudo e pesquisa. Mas, para não ser executado, tem de renegar o que sabe ser a verdade.”
DO REDATOR DE DESPERTAI! NA ITÁLIA


DAR UM PASSO PRA TRÁS

Este homem é Galileu Galilei. Longos anos de estudos e pesquisas convenceram Galilei de que a teoria de Nicolau Copérnico era correta e passou a defendê-la. Essa teoria afirmava que a terra girava em torno do sol e não o contrário como defendia a Igreja. A Igreja dizia que várias passagens da bíblia provavam que o sol é que girava em torno da terra. E afirmar o contrário era uma heresia. Contradizia os ensinamentos das Sagradas Escrituras e quem assim procedesse deveria ser responsabilizado por seus atos.
Galileu foi julgado pela “Santa Inquisição”, e condenado a ser queimado vivo. Renegando a sua convicção se livrou da condenação, porém cumpriu prisão domiciliar até o fim da sua vida.
O poder nas mãos da ignorância é algo perigoso e não deve ser combatido com revides. Muitas vezes é preferível darmos um passo para trás como Galileu. Talvez os mártires teriam sido mais úteis para a sociedade vivos. Um provérbio sábio diz: “Dai tempo ao tempo”. A justiça e a verdade prevalecerão e, muitas vezes, antes do esperado.
 Não convém remarmos contra a maré. Não lutemos contra a onda que está se indo. Um dia ela retorna cheia de peixes. É o vai-vem da vida. Os altos e baixos. Épocas de crise e épocas de fartura. De vacas gordas e magras como diz a bíblia.
Atualmente estamos diante de uma crise. Crise de credibilidade nas pessoas que nos governam. Os noticiários, todos os dias, informam sobre corrupção e desmandos. É a crise instalada. Mas chegará o dia em que sairemos dela e com certeza melhores do que entramos.
Dar um passo pra trás não significa fraqueza mas sim dar um tempo para organizarmo-nos e arregimentar forças.


segunda-feira, 16 de março de 2015

O TROMBONISTA

É trombonista de mão cheia.

 Meu pai tem criação de cabras.

Casaram e foram felizes para sempre.

Tenho um amigo que é músico



O TROMBONISTA 


Tenho um amigo que é músico. É trombonista de mão cheia. Tocava no “La Montanara” e também na “Orquestra Municipal de Teutônia”. Contou-me que a “Orquestra” faria uma turnê pela Alemanha, região de Grimma, próximo a Leipzig. Durante vários meses, os preparativos; passaporte, ensaios exaustivos, roupas, dólares, curso de alemão, recomendações, despedidas, e, também, a preparação do espírito para a viagem. Afinal de contas, eram apresentações internacionais, nada menos que na Alemanha.
Assim como ele, vários outros músicos do “La Montanara”, tocavam, também, na “Orquestra Municipal”. Por isso, não se tratou bailes durante o período da turnê.
Mas aí a decepção. Uma catástrofe climática atingiu a região deixando-a toda arrasada impossibilitando a turnê.
Meu amigo era jovem e, por ser músico, tinha poucas oportunidades de ir a um baile para se divertir.
Então “fez do limão limonada”.
 O baile era no “Salão Mosmann”, em São Pedro.  Reuniu a turminha e foram dançar. Cerveja, risadas, paquera, reconhecimento do terreno e de repente no meio da multidão... o cupido.
E para quebrar o gelo:
- Você é da onde?
- Sou de Teutônia, disse ela.
- Você está enganada, de Teutônia sou eu!
- Moro um pouco no interior. Meu pai tem criação de cabras.
Ambos moravam na mesma cidade e tiveram que vir a São Pedro da Serra para se conhecerem.
Casaram e foram felizes para sempre.
Esta historia é verdadeira. O “felizes” também é verdadeiro. O “para sempre”, por enquanto é um propósito, uma expectativa.
Mas o que será isso?  Alguns minimizam atribuindo tais fatos a uma simples coincidência. Já vi escrito por aí: “Nada acontece por acaso”. Há quem fale em destino e que por mais que queiramos fugir, ele acabará prevalecendo. As religiões falam em “vontade de Deus”.
Haverá um mundo paralelo ao nosso aonde são traçados os nossos destinos? E para que as realidades desejadas se realizem os acontecimentos são caprichosamente manipulados?
A catástrofe foi decisiva para o encontro dos dois jovens. Se prestares atenção poderás perceber que, algumas vezes, acontecimentos, aparentemente insignificantes, mudam completamente a direção do caminho que estavas seguindo.
Por enquanto estamos diante de um mistério. Talvez, um dia, tudo seja desvendado. Mas, enquanto isso, vamos levando as nossas vidas sem nos preocupar muito com o nosso destino. Ele prevalecerá de qualquer modo e, muitas vezes, é surpreendente e caprichoso.