segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CAFUNDÓ







CAFUNDÓ
A festa de Cafundó
Quem fizer seu julgamento sobre essa localidade baseado no nome poderá pensar que se trata de um lugar horrível, na gíria, “onde o diabo perdeu as botas”, “ o fim do mundo” ou expressões equivalentes. No entanto, é um lugarejo aprazível exibindo uma natureza exuberante cercado de morros verdejantes que encantam o visitante.
Em épocas passadas, era uma comunidade próspera com muitos colonos cultivando as terras que, a pesar de íngremes, possuíam um solo fértil de modo que onde se plantasse um pé de milho, com certeza, a colheita era garantida. Lembro que havia uma expressão popular que dizia que os colonos de Cafundó plantavam o milho com a espingarda carregando as sementes num cartucho.
  A situação de Cafundó mudou porque a agricultura moderna foi descartando aquelas encostas acidentadas, por que não permitiam a mecanização. Daí o êxodo rural foi inevitável tirando os moradores da localidade que foram procurar trabalho nas cidades próximas como Carlos Barbosa, Canoas, Porto Alegre e outras. Hoje somente duas ou três famílias permanecem aí exercendo atividades compatíveis como, por exemplo, um alambique que já se tornou famoso pela qualidade do seu produto.
Quem visita Cafundó hoje não percebe mais sinais dos tempos em que aquelas encostas eram utilizadas para a agricultura. A localidade é um belo exemplo da capacidade da natureza em se recompor. Isso vale tanto para a flora como para a fauna. Tenho uma teoria, de que a fauna ainda não está equilibrada, pois os predadores demoram mais que os outros animais para voltarem. Então se criam enormes bandos de quatis, macacos e outros que procuram alimentação nas roças dos colonos. Mas se dermos o devido tempo esse equilíbrio também irá se estabelecer.
Cafundó faz, todos os anos, no segundo domingo de dezembro, a sua festa que é tradicional e já famosa. Desde há muito tempo é realizada, porém depois do êxodo rural, houve dificuldades para mantê-la e durante alguns anos foi suspensa. Porém, o Padre Ademar, quando vigário de Poço das Antas, conseguiu retomá-la e hoje é um evento consagrado no calendário regional. A igrejinha encanta pela sua simplicidade e bom gosto. Foi construída em madeira e está deteriorando sendo necessário um investimento para preservá-la. É uma festa onde ainda se conserva costumes tradicionais como casais que compram um espeto e na sombra das árvores almoçam num clima descontraído onde a simplicidade é a tônica.
Saúdo o povo de Cafundó, os moradores locais e os de outras localidades que se dispõem a ajudar na organização do evento. Sem eles a festa não seria viável.

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