terça-feira, 30 de agosto de 2011

UMA ATROCIDADE- LADISLAU


UMA ATROCIDADE

Hoje vou falar sobre Ladislau. Para os íntimos, o Ládis. Ele era um cachorro absolutamente preto. Preto como breu. Você conhece breu? Eu, também, não. Mas sei que o “dito” é usado quando queremos referir-nos a alguma coisa absolutamente preta. Pois, assim, era Ladislau.
 O destino lhe reservou uma vida bonita, em meio à natureza, numa propriedade rural com espaço para correr atrás de lebres, gambás, gatos de mato, preás e muitos outros bichos selvagens.
Apesar de ser um guaipeca sem raça definida, era amado por todas as pessoas da família.
Quando, na comunidade, uma cadela entrava em cio, ou quando não queriam que ele corresse pelas roças estragando as plantações amarravam-no com uma corda.
Certo dia, Henrique soube que uma das cadelas de Mateus estava “naqueles dias”. Então Enedir, a dona de Ladislau, tratou logo de prendê-lo, amarrando-o na traseira da caminhonete, para poupar que sofresse agressões porque nestas ocasiões a cachorrada toda se reunia e a cadela era disputada ferozmente.
Aí aconteceu uma emergência e Enedir foi atendê-la com a caminhonete onde o Ládis estava amarrado. Ninguém se lembrou do guaipeca que foi levado de arrasto estrada afora. Somente a vó Natalia, que estava na janela, viu a terrível cena do Ladislau sendo arrastado. Correu para o telefone e ligou para a Lúcie, mas a caminhonete já havia passado. Então ligou para a Pelácia que, finalmente, se postou na estrada em tempo de parar o veículo. Quando foram ver o que tinha sobrado do cachorro, só encontraram a corda.
 De noite, Ladislau voltou para casa, mas não sem antes ter passado no Mateus onde a cadela estava em cio.
 Mais tarde, concluiu-se que naquela noite ele conquistou o coração dela, pois vários filhotes nasceram com a cara, ou melhor, com o focinho dele.
 Nos bastidores da família Schommer, desconfia-se, ainda hoje, que Enedir planejara aquela ação para se livrar de Ladislau. Sou vizinho dela e a conheço suficientemente bem para ter certeza que ela seria incapaz de uma atitude com tais requintes de crueldade.
Ladislau viveu, ainda, vários anos, tempo suficiente, para conhecer e curtir seus filhotes, netos e bisnetos.
Meu abraço especial vai à Grande Família Schommer. A família que Hugo nos deixou engrandece a nossa comunidade.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DER GESCHEFTSMANN



DER GESCHEFTSMANN
 Em todos os idiomas existem palavras que encerram uma força de expressão própria. São vocábulos intraduzíveis. Assim é a palavra “GESCHETSMANN” no alemão. A tradução literal é “homem de Negócios”, mas o “geschetsmann” era muito mais do que isso. Geralmente, tinha mais instrução que os colonos, sabia falar bem o português e, muitas vezes, possuía o único automóvel na comunidade, portanto, também, taxista para as emergências. Havia uma relação de confiança entre ele e seus fregueses. Não titubeava em vender a prazo, pelo tempo que fosse necessário, quando um colono passava por dificuldades. Esses comerciantes desempenhavam um papel importante nas suas comunidades porque, além da relação comercial, eram, também, conselheiros, intérpretes, avalistas e até advogados. Em geral, eram homens honrados e vistos como exemplos de retidão e honestidade. Claro que em troca disso ganhavam muito dinheiro, o que não incomodava os colonos por que sabiam que um gescheftshaus (casa comercial) forte também os beneficiava por que lhes garantia um bom sortimento de produtos para a compra, e oportunidade de venda das suas colheitas.
 Em Arroio Canoas, tivemos um homem assim. Chamava-se Celso Mombach. Antes dele, a casa comercial pertencia a seu sogro que construíra um belo prédio para esta finalidade. A propriedade, hoje, pertence aos herdeiros de Vitório Chies e serve de moradia a Lenita.
Celso herdara de Klein, seu sogro, um comércio próspero. A casa comercial crescia de modo que quem quisesse comprar, lá encontrava um sortimento muito grande de produtos, desde material de construção até miudezas.
Conversei com algumas pessoas para confirmar a imagem positiva que eu tenho de Celso. Helma Hänich falou assim:
-Ele foi um bom homem. Lembro dele com saudade. Jamais deixou de acudir alguém necessitado. Nelcido disse:
- “Ele foi um homem nota dez. Claro que era muito cuidadoso com seu negócio, mas jamais foi desonesto.”Alério Bassegio me contou que eles, “a família Basei”, eram vizinhos dele. Após o meio dia vinha tomar chimarrão na sombra das árvores no pátio deles. Adorava contar histórias e ria às gargalhadas. Fumava palheiros, mas sempre tinha fumo amarelinho, e fazer seu cigarro obedecia a um ritual e seu palheiro era uma obra de arte.
Infelizmente, para Arroio Canoas, foi chamado para Barão para substituir seu sogro que foi morar em Porto Alegre. Morreu muito cedo, com 50 anos, porém, tempo suficiente para nos deixar um exemplo de trabalho, honestidade e alegria. Era casado com Irma Klein Mombach e tiveram quatro filhos: Amadeu, Marisa, José Alberto e Vera Terezinha.

Casa comercial de Jacó Edmundo Klein, sogro de Celso.1927

PALESTRA sobre HOMO SÁPIENS

Em Caxias do Sul

MINHA CAIXINHA DE SURPRESAS





As mulheres foram feitas para serem amadas
e não para serem entendidas.Cláudia você é minha minha Caixinha de Surpresas.