segunda-feira, 27 de abril de 2015

O CICLISTA MALUCO

Domingos e esposa Ana

 A casa onde Domingos mora já pertencia a seu pai e seu avô, e antes, a uma família de alemães

Domingos Scottá





O CICLISTA MALUCO

Isso já faz muitos anos. Havia uma reunião na Escola Senhor do Bom Fim e o Nestor recebeu a incumbência de representar a Família Henzel. Montou na sua bicicleta e foi para a escola. Como a bici do Nestor não tinha luz, partiu mais cedo para aproveitar a última claridade do dia. Por isso chegou mais cedo e teve que esperar algum tempo até que as outras pessoas chegassem. Egídio Canzi, vice-diretor, faria a reunião. Quando ele chegou, a escuridão já tomava conta da noite. Então ele se deu conta que ninguém tinha se lembrado da chave da escola. Alguém teria que ir até a casa de Mario Mathias, diretor do colégio, para pegar a chave.
-Vai, Nestor. De bicicleta é um pulo, disse o Egídio.
E o Nestor foi. A estas alturas, a noite era tão escura que não dava para ver um palmo na frente do nariz.
Mas aos poucos a visão do Nestor foi se adaptando à escuridão de modos que ao menos podia ver por onde passava a estrada. Então imprimiu mais velocidade à sua bike porque o Egídio estava com pressa. De repente a poucos metros na sua frente, viu uma pequena luz. Era alguém com um cigarro aceso vindo em sua direção. Nestor, para não atropelá-lo, passou para o outro trilho e então aconteceu.
- “Cramento” - falou a vítima estendida no chão - "chi che é chel mat le"(quem é esse maluco que me atropelou?)

 A roda dianteira da bicicleta do Nestor acertou Domingos Scottá bem no meio das pernas derrubando-o no meio da rua. Não se sabe ao certo quem levou maior susto, se o Nestor ou o Domingos.
Fui visitar Domingos para saber de alguns detalhes e tirar fotos. Disse que sim, que a história é verdadeira mas que já faz muito tempo.
 - Aconteceu perto da ponte. Foi aquele alemão lá do Sagrado. Depois ele passou lá no Clube me pedir desculpas.
Vejam como são as coisas. Se Domingos fosse, também, fumante teria evitado o acidente. As coisas nunca são, totalmente, boas ou ruins. Depende sempre do ângulo que as vemos.

Domingos é filho de Antônio Scottá e casado com Ana Lazzari Scottá. Era uma família numerosa de doze irmãos dos quais somente três ainda vivem; Ester que mora em Caxias do Sul, Ernesto e Domingos. Também era dessa família o "Pinguinho" que foi destaque no mundo esportivo de Arroio Canoas. A casa onde Domingos mora já pertencia a seu pai e seu avô, e antes, a uma família de alemães.

terça-feira, 14 de abril de 2015

PRIMEIRO ENCONTRO DA FAMÍLIA CHIES


Professor Aldo no Sagrado

Alegria e entusiasmo pelo sucesso



Casal de italianos

Veio Chies de todas as partes do R G




Os noninhos foram os homenageados

Edite, exemplo de entusiasmo e liderança





PRIMEIRO ENCONTRO DOS CHIES

Foi uma festa imponente. O grande salão da localidade de Cobléns foi literalmente tomado pelos descendentes do pioneiro GIOVANNI CHIES (1809).
Vi pessoas se abraçando e se cumprimentando. Vi lágrimas de emoção em rostos marcados pelo tempo ao reverem irmãos, filhos e amigos depois de muitos anos. E todos falando alto e ao mesmo tempo como não podia deixar de ser num encontro de Chies. Vi gente de muitas cidades do Rio Grande do Sul e de vários outros estados do Brasil. Teve Chies vindos da Itália e também dos Estados Unidos.
 Esta família numerosa se espalhou pelo mundo. Sabemos, de acordo com a história, que deixaram a Itália devido as condições difíceis que enfrentavam na sua pátria. Porém observando os movimentos migratórios creio que houve, também, um outro componente que influenciou sua vinda para cá. Foi a alma aventureira que os impulsionou. O espirito inquieto sempre a procurar novos horizontes. Por isso, de Santa Clara, primeira parada, esta família se espalhou pelo mundo sempre ávidos por novos desafios.
A nossa comunidade, o Sagrado, está orgulhosa por ter sido escolhida pelos organizadores para prestar, também, sua homenagem a esta grade e valorosa família.
   No sábado dia 11 de abril, partiu de Santa Clara, uma comitiva que percorreu as principais localidades onde os Chies marcaram presença. Nós aqui do Sagrado tivemos a honra de estarmos incluídos neste roteiro como destino final da caravana.
Então perguntei para a Edite o que queriam que fizéssemos. Ela disse:
-Surpreendam-nos.
A comunidade se empenhou com afinco nos preparativos; ornamentação temática, limpeza do salão e arredores, ensaios, tudo para receber dignamente tão ilustres visitantes.
 Apesar de alguns opositores acho que mais uma vez o Sagrado fez bonito. Os visitantes ficaram surpresos pois não esperavam recepção tão calorosa. Vi rostos marcados pelo tempo e pelas lutas. Vi pessoas emocionadas ao reverem a terra onde os antepassados viveram durante anos.
Os noninhos foram os homenageados. Muitos já falecidos, porém alguns presentes, merecem todo o nosso apreço e carinho por que eles é que são os verdadeiros heróis. Aqueles que verdadeiramente construíram os alicerces, o chão firme onde hoje podemos pisar confiantes. Eles prepararam o terreno. Cabe a nós, somente, lançarmos as sementes.
A festa principal ocorreu no domingo dia 12 na localidade de Cobléns. Foi uma festa grandiosa não só pela quantidade de pessoas, mais de mil e quinhentas, mas também pela presença de autoridades e pessoas ilustres. O nosso governador José Ivo Sartori, por pertencer à família Chies, também esteve presente dando um brilho especial à festa e deixando a todos orgulhosos.
Quero cumprimentar os organizadores desta grande festa. Para não cometer injustiças vou citar ninguém a não ser uma pessoa que com sua liderança soube levar o grupo todo e assim garantir o sucesso do evento. Estou falando de Edite Chies.   

segunda-feira, 6 de abril de 2015

SABEDORIA POPULAR Chá de Marcela

Se for colhida antes, as flores, com as quais se faz o chá, não estão maduras.

Com certeza, a maturação da flor da marcela é influenciada pela lua cheia das Sextas Feiras Santas.

E que, invariavelmente, depois da páscoa, a planta regride, perde a cor e a qualidade,





              SABEDORIA POPULAR


Na Sexta Feira Santa costuma-se colher Chá de Marcela. No começo, entre os descendentes alemães e italianos, não havia esse costume. Hoje, muitos já aderiram à prática. A tradição diz que o chá, necessariamente, precisa ser colhido na Sexta Feira Santa antes do nascer do sol.
 Então, pode-se ver muitas pessoas andarem por aí, de manhã cedo, procurando marcela.
 Eu era cético em relação ao costume e brincava com os adeptos da crença com certo tom de deboche. Achava que tudo não passava de uma crença infundada e que a data da colheita nada tinha a ver com a qualidade do chá.
Então, um dia, minha soberba caiu por terra. Foi quando conversei com Silvestre Thums, para nós o Vesto, justamente a respeito deste assunto. Argumentei que a data nada poderia influir porque a Sexta Feira Santa é uma data “móvel” e por isso algumas vezes ocorria ainda em março e outras, já vários dias abril a dentro. Tentei justificar que a natureza não conhece o nosso calendário religioso para fazer coincidir a data com a maturação da marcela. Então o Vesto me disse que não sabe explicar o porquê, mas que durante anos vem observando o desenvolvimento daquela erva. Se for colhida antes, as flores, com as quais se faz o chá, não estão maduras. E que, invariavelmente, depois da páscoa, a planta regride, perde a cor e a qualidade, independente se a páscoa ocorre cedo ou tarde. O Vesto não me convenceu por inteiro, mas respeitei seu depoimento porque ele é um homem que sempre viveu em meio à natureza e como a maioria dos homens do campo é muito observador.
 Então fiz uma pesquisa e descobri que a Sexta Feira Santa acontece conforme as fases da lua. Que a primeira Lua Cheia do outono determina esta data. Sabemos que muitos vegetais sofrem a influência das fases da lua no seu desenvolvimento. Com certeza, a maturação da flor da marcela é influenciada pela lua cheia das Sextas Feiras Santas.
A sabedoria popular em geral não tem comprovação científica. É fruto de anos de observação e passada de geração a geração.  Muitas vezes tem alguns exageros, mas seus resultados são efetivos.
Cabe aos homens das ciências olharem com respeito para os ditos populares, crenças e medicina caseira, porque se a comprovação, durante anos, dos seus acertos não fossem observados certamente já teriam caído no esquecimento.
 Muitas vezes, podemos encontrar preciosidades entre as pessoas simples do campo por que elas ainda têm o hábito de observarem a natureza e assim adquirirem a verdadeira sabedoria.